Desde o início do isolamento decorrente da pandemia do novo coronavírus, o debate sobre as possíveis transformações na educação se aflorou não só no noticiário, mas nas conversas diárias entre especialistas, pais e alunos. Com a recente retomada das aulas presenciais em algumas cidades do estado de São Paulo e a provável reabertura da totalidade das escolas e universidades, ainda pairam questionamentos: qual será o caminho daqui pra frente?
É inegável como o cenário atual provocou reflexões sobre o paradigma das escolas brasileiras. Segundo Maira Mariano, pesquisadora e docente das áreas de comunicação e letras da Universidade São Judas: “diversos estudos e pesquisas, há algum tempo, já apontavam para a superação das ministrações integralmente expositivas, a necessidade de incorporação de recursos tecnológicos digitais, a renovação de abordagens pedagógicas e uso de diferentes metodologias de ensino”, destaca.
Para ela, esse cenário revelou a urgência de adotarmos na prática discussões há décadas na teoria. “Assim, compreender quais serão as mudanças talvez nos trará a resposta esperada sobre o futuro. Não há fórmula mágica, há pesquisa, estudo e investimento”, orienta.
Ensino remoto
A suspensão das salas presenciais fez muitas instituições aderirem ao ensino remoto. “Na prática, se viu professores sem preparo para lidar com as ferramentas da web, discentes e docentes sem equipamentos como notebook ou celular, acesso à banda larga ou mesmo a pacote de dados, quadro decorrente da desigualdade social. Quando foi possível contar com estes recursos, os educadores buscaram alternativas para cumprir o planejamento letivo”, explica Maira.
Ensino híbrido
Sem dúvida, o ano foi de muitas perdas. Em meio a esse contexto negativo, as demandas exigiram alternativas e, muitas dessas, talvez permaneçam no campo educacional: “o ensino híbrido possivelmente será adotada na graduação. Já presente em algumas universidades, se caracteriza por uma parte do conteúdo apresentada de forma virtual, por meio de plataformas de aprendizagem. A outra é discutida presencialmente com mediação do professor”, destaca.
Sala de aula invertida
A sala de aula invertida também é uma metodologia localizada entre o presencial e digital. Idealizador do método, Jonathan Bergmann, propõe um modelo no qual o espaço físico sirva para o mestre estimular discussões e aplicar o conhecimento estudado em casa no dia anterior, por meio de vídeos ou leituras, por exemplo.
Metodologias ativas
Para Maira, as diferentes metodologias: sala de aula invertida, aprendizagem baseada em problemas ou projetos, gamificação, design thinking têm em comum uma abordagem pedagógica marcada por propiciar um papel ativo no processo de aprendizagem. “Estimula os estudantes a serem protagonistas da sua trajetória escolar e acadêmica. Ou seja, se tornam autônomos na busca pelo saber”, comenta.
Para Eline Cavalcanti, Diretora de Soluções da D2L Brasil, os processos ativos funcionam como uma quebra de paradigma: “esse método é famoso pela utilização em universidades renomadas, como Harvard. O principal objetivo é focar em diferentes aspectos conforme as necessidades do conteúdo, dos educandos e dos projetos”, ressalta.
Independentemente do processo, o docente se mantém como fundamental nesse processo, como mediador. “Isso significa eleger a prática dialógica como norteadora e responsável pela sustentação da relação professor-aluno”, diz Maira.
Qual o caminho da Educação após a pandemia?
Assim sendo, a resposta para essa pergunta já está respondida. Para a especialista, basta nos aproximarmos de situações propostas por educadores e pesquisadores como Paulo Freire, David Bohm, Martin Buber, e nos regermos pelo princípio dialógico. “Se antes nós, professores, acreditávamos como bastava o domínio da matéria para ter uma boa performance, hoje, com a web, e todo conteúdo à disposição da classe, isso definitivamente deve ser repensado. Nossa função é problematizar, dialogar, promover a reflexão, visando a uma ação transformadora de todos”, finaliza.
Em sua opinião, quais serão os desafios em sala de aula para os próximos anos? Para mais dicas e orientações, acompanhe as matérias e conteúdos do Nube!