Você já ouviu falar em economia criativa? Trata-se do setor econômico formado pelas indústrias inventivas. Ou seja, é o conjunto de atividades relacionadas à produção e distribuição de bens e serviços os quais utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários. Saiba mais!
Pesquisa
Recentemente, foi lançada uma pesquisa com o tema “Impactos da Covid-19 na Economia Criativa”. O levantamento é do Observatório da Economia Criativa da Bahia - Obec-BA, em parceria com o think tank cRio ESPM Rio, com o Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ, com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
O objetivo é analisar os efeitos da crise causada pela pandemia nas áreas culturais. Além disso, visou gerar dados os quais ajudem na elaboração de ações para a retomada do setor. O levantamento nacional teve início em meados de março, foi realizado remotamente e colheu informações de mais de 2.600 respondentes. Teve a participação de pessoas físicas e jurídicas das áreas culturais, artísticas e criativas do Brasil.
Reservas baixas, demissões e projetos
Os resultados apontam: a maioria dos pesquisados recebe até três salários mínimos mensais e 31,5% trabalham mais de 45 horas semanais. As reservas financeiras de 71,2% dos indivíduos e de 77,8% das organizações garantem apenas um período máximo de três meses de subsistência, sem geração adicional de renda.
Um pouco mais da metade das organizações (50,2%) precisou demitir e 65,8% necessitaram fazer algum tipo de redução em contratos. A imprevisibilidade do lançamento de uma vacina e do retorno das atividades presenciais agrava a perspectiva do setor.
Além disso, 45,1% dos profissionais e 42% das companhias conseguiram desenvolver novos projetos durante o período de distanciamento social. Outro ponto relevante: 12% dos indivíduos e 18% das organizações buscaram novas formas de geração de receita, como a antecipação de venda de ingressos, campanhas de doação ou de financiamento coletivo.
Retomada
Para retomar as atividades do setor, as empresas defendem a desoneração tributária, o perdão de dívidas e o apoio para o pagamento de contratados. O auxílio emergencial é a medida mais defendida pelos indivíduos. A necessidade de treinamento e capacitação foi mencionada por aproximadamente ¼ dos respondentes. Além dos recursos financeiros, há uma grande demanda por capacitação, serviços e infraestrutura as quais possibilitem a adaptação das tarefas ao ambiente digital.
"A situação de vulnerabilidade a qual funcionários e empreendimentos culturais e criativos estão submetidos neste período de pandemia é clara. Afinal, esse tipo de atividade presencial será a última a ser retomada", diz Luciana Guilherme, pesquisadora do cRio ESPM.
Na visão dela, a busca por alternativas de remuneração no ambiente digital tem sido evidenciada nas redes sociais nos últimos meses, embora os modelos e caminhos para a monetização ainda sejam pouco conhecidos pela maioria dos artistas e empregados inventivos.
Os apoios municipais e estaduais são mais solicitados e acessados em relação aos da esfera federal. Além disso, 62% das instituições e 75% dos indivíduos nunca se beneficiaram de incentivo fiscal em qualquer dos níveis governamentais. A familiaridade limitada com os mecanismos de financiamento realça a necessidade de procedimentos simples e acessíveis de acesso à Lei Aldir Blanc para os recursos chegarem ao setor cultural da forma mais rápida e universal possível.
"O setor foi duramente afetado em sua forma de subsistir e de existir, pois a coletividade, a presença e o convívio são centrais para a geração e a distribuição de grande parte dos produtos culturais. Os resultados da pesquisa são relevantes para a compreensão do ramo no Brasil antes, durante e pós-pandemia", conclui Beth Ponte, pesquisadora do Obec-BA
Como a Covid-19 impactou a sua vida?