A pandemia tornou a educação visível para diferentes atores do ecossistema escolar. Os pais estão mais próximos e enxergando o processo de aprendizagem em detalhes. Os professores, em busca de alternativas de avaliação a distância, estão vendo o quanto o aluno aprendeu ou não. A esse novo cenário, especialistas chamam de Nova Era da Educação: um período marcado pela transformação.
Para Claudio Sassaki, mestre em educação pela Stanford University, a sala de aula rompeu as fronteiras da escola e tudo mudou. “Não será o velho diagrama, dependente de um material didático estático e na prestação de serviços educacionais. A experiência durante a pandemia alterou as relações, no futuro pós-Covid, os educadores lidarão com novas exigências trazidas pelas próprias famílias e pelos alunos. Essa conversa já começou dentro de muitos lares brasileiros”, destaca.
Na nova Era, as principais expectativas são:
Uma escola mais conectada: o aluno pode aprender de qualquer lugar;
Mais visível: dados e acompanhamento de resultados do aprendizado em tempo real;
Personalizada: respeitando e incentivando a individualidade do estudante;
Mais ativa: focada em habilidades e competências.
Segundo Sassaki, esses elementos resultam em uma formação mais integral, capazes de unir conteúdos acadêmicos e socioemocionais. “Devemos trabalhar com uma modalidade mais híbrida, presencial e remota, concomitantemente. Utilizando o melhor da tecnologia para uma educação fluida e interconectada. A concepção do ensino acontecer somente nas quatro paredes da sala de aula não faz mais sentido. Na prática, as escolas precisam se diferenciar, mostrar como não se resumem a um material e a uma plataforma. Essa nova educação exige reinvenção”, comenta.
Sobrevivência das instituições
Esse é um ponto muito relevante, porque toca na sobrevivência de um modelo de negócio. O risco de falência está batendo à porta de metade das escolas de pequeno e médio portes no Brasil. Levantamento conduzido pela Editora do Brasil, com 821 instituições, mostra como os estabelecimentos particulares perderam, em média, 10% dos alunos. Foram demitidos 300 mil professores e a queda em matrículas atinge, sobretudo, a educação infantil. “Ressalto: esses foram os impactos até o momento, ou seja, essa situação tende a se agravar”, enfatiza o educador.
Nesse cenário, as entidades sobreviventes serão capazes de criar uma nova experiência educacional com conexão e flexibilidade. “Estamos falando de uma nova forma de pensar no qual muda o foco de quantidade de itens ofertados para um no relacionamento e na percepção de valor: a experiência de estudar se amplia para outros espaços da vida do aluno”, afirma Sassaki.
Visão dos alunos
Apesar de terem expressado frustração com o ensino on-line no início da pandemia, os estudantes já enxergam essa modalidade como permanente e por isso desejam sua melhora. Segundo pesquisa da Global Learner Survey, para 67% dos respondentes enxergam as instituições educacionais como menos eficazes no uso da tecnologia e esperam mudanças, com 91% de entrevistados afirmando a necessidade de aproveitar esses recursos para maximizar o aprendizado.
Para Juliano Costa, vice-presidente de produtos educacionais da Pearson o fato dos alunos perceberem algumas dessas mudanças como fixas ocorre porque muitas delas não são inesperadas, mas apenas chegaram antes do previsto. “A Covid-19 acelerou alguns processos de transformação já em curso, e agora instituições educacionais e empregadores têm a missão de responder rápido e capacitar os profissionais de hoje e de amanhã para se adaptarem a essa realidade", aconselha.
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