A pandemia transformou a realidade e o cotidiano de todos, inserindo novos modos de trabalho e diferentes rotinas de estudo em casa. Essas mudanças impactaram diretamente as crianças. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 47,9 milhões de estudantes estão fora da sala de aula desde a segunda quinzena de março.
De acordo com pesquisa realizada pela ONG SOS Aldeas Infantiles, 74% dos pequenos temem a doença, 66% sentem a distância dos familiares e 53% receiam a vida não voltar a ser a mesma. “Eles estavam acostumados a uma rotina com escola, passeios e festas de amigos. Com o isolamento social, tiveram suas atividades reduzidas a pequenos espaços, mudanças capazes de gerar medos e anseios”, afirma o psicólogo Pedro Braga Carneiro.
Diálogo é muito importante
Para reduzir os impactos na saúde mental dos adolescentes, o diálogo é uma boa ferramenta. “É importante conversar sempre, perguntar se eles têm alguma dúvida, se estão aflitos com algo e deixar claro ser um momento no qual todos estamos vivendo. Explique a importância de cumprir todos os cuidados, dessa forma, essa fase passará”, reforça Carneiro.
Algumas atividades contribuem para essa dinâmica e podem ser ferramentas auxiliadoras. O especialista sugere o uso de jogos, rodas de conversa e brincadeiras com bonecos. “Se aproximar do universo dos pequenos é uma boa opção para reconhecer suas vontades, medos, anseios e dúvidas sobre o tema. Ao fazer isso o adulto integra, dialoga e pode oferecer ajuda necessária”, sugere.
Outra dica de Carneiro é investir em ferramentas educativas e lúdicas para lidar com o atual cenário. “O universo da leitura, por exemplo, traz elementos importantes para a descoberta e desenvolvimento nessa faixa etária”, comenta. As brincadeiras também podem proporcionar oportunidades únicas de progresso. “O brincar é a principal expressão das crianças. Ficar atento como brincam, quais falas e termos reproduzem, pode trazer à tona muitos dos seus anseios”, revela.
Fortalecimento de vínculos
Para Felipe Mazzoni Pierzynski, diretor de negócios do Grupo Marista, um dos principais aprendizados para o mundo educacional do momento é o fortalecimento de vínculos. “Só será possível passarmos por esse momento juntos e isso não é uma máxima clichê. A adaptação das escolas para formatos on-line, a contratação de plataformas para auxiliar no processo a readequação na maneira de passar os conteúdos: todas as ações reforçam um cuidado para além da educação”, orienta.
O gestor indica algumas formas para a geração de um vínculo saudável e capaz de contribuir para uma melhor adequação a essa fase. “Pode ser garantido com uma escuta efetiva, um diálogo aberto e transparente além de uma atenção acolhedora e coerente com cada uma das necessidades”, aconselha Pierzynski.
Desigualdade
Segundo pesquisa da ONG Todos pela Educação, apesar do constante crescimento nos últimos anos, com 96,4% de alunos matriculados hoje no Brasil, ainda restam 1,5 milhão de brasileiros de 0 a 17 anos fora do ambiente escolar. Isso implica em esforços para garantir um ensino de qualidade e também diminuir as desigualdades sociais.
De acordo com o diretor a pandemia certamente atingiu todas as instituições, mas nas comunidades mais empobrecidas, os efeitos colaterais se mostram ainda mais implacáveis. “Nos revelam o quanto ainda precisamos avançar na construção de pontes, diminuindo as distâncias quando o assunto é o direito dos adolescentes e jovens a um ensino de qualidade”, sugere.
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