Em meio à pandemia, há desafios referentes à saúde além da descoberta de uma vacina para a doença ou de como achatar a curva de disseminação da Covid-19. Esses problemas estão ligados à integridade mental de cerca de um terço da população do planeta a qual, abruptamente, foi colocada em isolamento social, muitas delas trabalhando remotamente pela primeira vez.
Segundo levantamento feito pela Workana, plataforma de freelancers, 40% dos profissionais entrevistados estão se sentindo mais ansiosos ou depressivos por causa do distanciamento. Antes do coronavírus, o Brasil já liderava a lista mundial de países com mais pessoas ansiosas. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), eram quase 19 milhões de brasileiros convivendo com o transtorno. Outra liderança nacional há tempos é a do número de casos de depressão em toda a América Latina, passando a marca de 12 milhões de pessoas com a doença
Ansiedade e depressão aumentadas durante quarentena
Para o World Economic Forum, há grandes chances de a pandemia aumentar ainda mais esses índices e provocar uma epidemia de patologias causadas por estresse. Uma pesquisa do LinkedIn também sinaliza: manter uma mente saudável está mais difícil. Dos entrevistados, 62% disseram estar mais preocupados com o futuro e estressados com o trabalho e 39% afirmaram sentir solidão no home office. Diante de tudo isso, como evitar desenvolver transtornos psicológicos?
Entender: produtividade pode ser afetada
Para a Daniel Schwebel, country manager da Workana no Brasil, ao adotar a atuação remota, o primeiro ponto a ser levado em conta por todos, de funcionários a gestores, está ligado à produtividade. "É preciso entender: o rendimento poderá ser afetado e isso não obrigatoriamente é um problema. Há necessidade de readaptação quando saímos da nossa zona de conforto. Reconhecer isso, e ter empatia com o próximo é fundamental, até porque, daqui pra frente, viveremos em constante adaptação", afirma.
Compreender as diferentes realidades
Recentemente, um levantamento da Cushman e Wakefield apontou: 73,8% das empresas brasileiras pretendem instituir o home office definitivamente. Por isso, compreender as diferentes realidades e criar processos mais flexíveis é o segundo ponto importante listado por Schwebel. Deve haver equilíbrio entre o labor, afazeres domésticos, convivência com a família e descanso.
De acordo com ele, o líder deve ser consciente, respeitar os limites e a privacidade do time e compreender: mesmo se ele eventualmente precisar trabalhar até mais tarde, isso não deve ser incentivado dentro da equipe. "Não podemos deixar o limite entre vida pessoal e profissional desaparecer. É importante estabelecer e respeitar horários, salvo situações de extrema urgência. Profissionais com filhos, por exemplo, têm ainda mais desafios na hora de conciliar as demandas do trabalho. Isso precisa ser compreendido pelo líder, o qual deve, ainda, criar um ambiente seguro e de confiança para o time compartilhar as dificuldades do dia a dia e todos chegarem na melhor solução possível juntos", ressalta.
Comunicação
O terceiro ponto, o qual, na correria do dia a dia, acaba ficando esquecido, é o diálogo. Uma alternativa para os gestores é fazer chamadas de vídeo, ligações, enviar mensagens e e-mails para os funcionários continuarem se sentindo parte de um todo. Quem não sabe dos acontecimentos do restante da corporação, ou até mesmo dentro de seu próprio núcleo, pode ter uma grande insegurança. Compartilhar não apenas as decisões da diretoria e demandas diárias, mas também situações cotidianas, faz parte de uma rotina saudável e requer a adaptação de hábitos.
"Em uma tarde no escritório, por exemplo, os funcionários irão perceber se os líderes estão aflitos com algo ou se há comemoração de resultados. Isso também deve ser compartilhado de maneira remota, trazendo contexto para a equipe para todos se sentirem parte e a par das novidades", diz Schwebel.
Para companhias as quais nasceram com a cultura de atuação remota, esse ponto pode parecer muito simples. Entretanto, a grande maioria se encontra em uma enorme mudança de modelo de trabalho, logo, para essa fatia é algo essencial no sentido de manter a confiança dos colaboradores.
Incentivar hábitos saudáveis
O último tópico é sobre o incentivo a adotar hábitos saudáveis. Ter boas horas de sono, uma alimentação de qualidade, e praticar exercícios físicos pode ajudar a minimizar o impacto do estresse e manter a ansiedade e a depressão bem longe. Nesta pandemia global pela qual estamos passando, os cuidados com a saúde da equipe, seja ela física ou mental, devem ser priorizados. Para isso, o líder deve manter contato constante com o grupo e reportar os principais pontos ao RH a fim de, juntos, encontrarem as melhores ferramentas para fornecer todo o apoio necessário para os trabalhadores.
Como você está se sentindo nesta pandemia?