Toda sociedade empresarial tem uma história: um casal, ou alguns conhecidos, inicia um pequeno negócio e os parentes próximos crescem observando o esforço dos fundadores e, aos poucos, vão sendo inseridos no negócio. Com o crescimento do empreendimento aumentam também as chances de sucesso e de conflito.
Afinal, como surgem os desentendimentos? Segundo Ricardo Camargo, consultor e especialista em empresa familiar, da Camargo Gestão, a maioria dos problemas envolve disputas por poder ou dinheiro. Isso está diretamente ligado, também, à relação entre os membros da grupo.
As desavenças possíveis
Camargo cita as principais causas possíveis de desavenças em companhias desse tipo:
I. Os fundadores colocarem todos os filhos para trabalhar e eles não têm interesse e/ou aptidão para isso;
II. Um dos irmãos ou parentes próximos se sente preterido nas decisões da corporação em relação aos demais ou sente se empenhar mais em relação aos outros;
III. Quem não atua na instituição opinando nas estratégias e outros membros discordam;
IV. As novas gerações desejam alterar a forma como a corporação é administrada e implantar inovações, mas os mais velhos acreditam: “em time ganhando, não se mexe”;
V. Há divergência na escolha do sucessor do fundador da organização .
Como resolver desencontros
O primeiro ponto é aceitar: desentendimentos são inerentes à gestão, não importa o tamanho. “Ache o ponto em comum: toda empreitada tem uma razão de existir, na maioria das vezes é gerar dinheiro e lucro para os sócios. Se todos estiverem interessados em fazer o projeto movimentar, os problemas serão analisados a partir do resultado final esperado”, explica Camargo.
Outro ponto importante é melhorar a comunicação. A melhor maneira da família empresária se preparar é conversando e discutindo com racionalidade sobre como resolver adversidades. A falta de disposição em ouvir opiniões diferentes e julgá-las sem preconceitos pode levar a empresa a não reinventar seu modelo e, muitas vezes, quebrar.
Ainda seguindo Camargo, ao surgirem conflitos, é possível buscar ajuda de terceiros, como consultores terceirizados. O papel desse mediador especializado é auxiliar as partes interessadas a chegar a um consenso.
Walter Junior tem o sonho de abrir uma startup de serviços financeiros com seu irmão, Pedro. Para isso, ele fala sobre a importância de, antes mesmo do projeto ser executado, estabelecer regras e limites em relação à parceria. “A palavra-chave é o respeito. Se não tivermos isso um com o outro, não vai dar certo”, comenta.
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