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O cuidado com a dependência tecnológica 

Notícia | 09/06/2020

Lays Emily

O acesso à Internet se intensificou e se mostra cada vez mais indispensável na vida das pessoas. Diante do atual cenário de pandemia, as redes se tornaram veículos para atualizações de notícias, atividades de entretenimento, uma forma de aproximar pessoas e ampliar o afeto de modo virtual. No entanto, é preciso se atentar aos excessos!

A psicanalista, Dra. Andréa Ladislau, menciona algumas das principais novas expressões desse uso: “a modalidade home office está sendo amplamente adotada por diversas empresas, aplicativos de abastecimento por delivery também cresceram. A aula on-line hoje já é uma realidade para muitas crianças, jovens e adultos. Além de vídeo chamadas, lives e inúmeras plataformas adquiriram um status de ferramentas corriqueiras, fazendo parte do dia a dia das pessoas.”

Do ponto de vista psicológico, a especialista destaca a preocupação com a dependência. Para ela, é importante se alertar para as mídias não contribuírem para sintomas de distúrbios psíquicos nocivos. “Devemos ficar atentos a tudo fora do controle. Se o pouco tempo conectado causa a sensação de vazio, dor, sofrimento e angústia, é preciso acionar o botão vermelho, pois algo pode estar errado. Sofrer pela abstinência e demonstrar desconforto diante da impossibilidade de uso das redes, pode ser um sinal de amarrações mentais e psicológicas”, afirma Andréa.

Portanto, para perceber se a vida virtual tem sido um aspecto negativo em sua rotina, a especialista evidencia alguns pontos para se observar.

Perdeu o sono ou o apetite?

O usuário compulsivo acha sem graça o cotidiano sem a Internet e se irrita quando o acesso é restrito. “Perde horas de sono conectado e até deixa de se alimentar ou ficar com o rosto colado às telas e teclando durante as refeições, impossibilitando uma mastigação correta e pausada. Além disso, só de imaginar perder as atualizações, já demonstra mal-estar e se sente excluído”, destaca a doutora. Para essa sensação foi designado o termo FoMO, sigla para Fear of Missing Out, ou medo de perder algo, em português.

O corpo fala

Para a psicanalista, as reações ao vício virtual são expressas no organismo: “essa relação deve ser repensada. Substituir o afeto de quem está próximo, deixar de fazer atividades diárias e dormir apenas duas ou três horas por noite com certeza não são hábitos saudáveis. Seu corpo vai reagir a isso de uma forma nada agradável, trazendo sérios riscos para sua saúde.”

Andréa ressalta alguns dos principais problemas desencadeados pela dependência tecnológica: “além da taquicardia, dos tremores e da xerostomia (famosa boca seca), temos também os desequilíbrios posturais, visuais, as lesões repetitivas, a insônia, obesidade e as dores musculares.”

Ansiedade e depressão

Segundo dados divulgados em 2019, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está no topo da lista em número de pessoas ansiosas do mundo. Cerca de 18,6 milhões de indivíduos convivem com o transtorno. Para Celson Hupfer, especialista em psicologia social e CEO da Connekt, o atual momento pode intensificar o distúrbio. “A preocupação com contas, desorganização da rotina, medo, estresse, sentimento de solidão e o próprio afastamento podem ser gatilhos, principalmente para quem já sofre com a doença", avalia Hupfer.

Mude esse padrão

Portanto, a utilização dos eletrônicos com responsabilidade é imprescindível para evitar a compulsão. “Controle seus horários e perceba se está sendo afetado pela perda de interesse nas trocas sociais. Busque fazer um ‘detox digital’, ficando horas e até dias sem utilizar celulares, tablets, computadores ou qualquer tipo de aparelho. Encontre seu equilíbrio em atividades simples como a leitura de um livro, ouvindo uma música, colocando no papel suas emoções e promovendo seu autoconhecimento”, finaliza a médica.

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