Começar a ganhar o próprio dinheiro, seja para ajudar a família ou pagar os próprios gastos, é o desejo de mais da metade (55%) dos estudantes brasileiros matriculados no 9° ano do ensino fundamental. Eles não querem sair da escola. Pretendem conciliar as horas de estudo com as jornadas nas empresas. Quer saber mais sobre essa realidade? Descubra com o Nube.
Os dados foram levantados pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann, organização sem fins lucrativos voltada para a educação. A pesquisa foi feita com base nos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgada em agosto do ano passado.
Dos 1.992.296 de alunos do 9° ano participantes, 1.075.628 (55%) pretendem estudar e trabalhar, 614.838 (31%) optam apenas pelos estudos e 33.487 (2%) pretendem largar a escola e se dedicar apenas ao trabalho. No 5° ano, de 2.280.315 alunos, 294.011 (14%) já exercem determinada atividade profissional. A Constituição Federal proíbe qualquer afazer nesse sentido para menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz (a partir dos 14 anos).
O levantamento registra: entre os alunos do 5º ano, as maiores porcentagens daqueles dedicados apenas no trabalho estão na Região Nordeste (Alagoas, 22,1%, Pernambuco, 21,8%, e Bahia, 20,6%). A região tem renda per capita média de R$ 396 mensais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As demais regiões do País superam R$ 700 e no Norte o valor é R$ 440.
Quando se trata de alunos do 9° ano, o perfil muda. O número maior de estudantes interessados em conciliar estudo e afazeres trabalhistas está em regiões mais ricas: Distrito Federal (65,7%), seguido por Santa Catarina (65,1%) e Espírito Santo (62,5%). Os Estados com maior registro de alunos desejosos de apenas estudar estão no Norte e Nordeste: Maranhão (41,2%), Acre (41%) e Amapá (40,8%). As maiores proporções de estudantes com foco apenas no desempenho profissionalestão em São Paulo (2,5%), Pernambuco (2,2%) e no Ceará (2%).
De acordo com a secretária executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa de Oliveira, o trabalho a partir do 9° ano pode ser positivo se for como aprendiz. "O programa vai exigir do adolescente a continuidade dos estudos, além de cobrar um bom desempenho escolar. Trata-se de uma inserção no mercado de trabalho e pode motivar o abandono e a negligência com a escola".
Analisando as estatísticas, a gestora do Todos pela Educação evidencia outra preocupação: "Os dados não mostram aqueles fora das escolas e determinado exercimento de uma profissão. Os jovens em idade escolar ausentes dos estudos e fora de atividades voltadas ao trabalho têm aumentado no Brasil". O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) registrou, na última década, um fato preocupante: o número dos chamados "nem nem", brasileirosde 15 a 29 anos caracterizados por nem estudarem e nem trabalharem, aumentou em 708 mil. "Precisamos olhar também para eles", conclui Isa.
Lembre-se: desempenhar atividades profissionais é de suma importância para o amadurecimento do jovem. No entanto, a prioridade de sua formação é a base de estudos, acima de qualquer outra coisa.
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